4 de mar. de 2011

La Llorona

Um rico fidalgo corteja uma moça pobre, mas muito bonita, e conquista seu afeto. Ela lhe dá dois filhos, mas ele não se dispõe a casar com ela. Um dia, ele comunica que vai voltar para a Espanha, onde se casará com uma moça rica escolhida por sua família, e que vai levar seus filhos para lá. A jovem mãe fica fora de si e age no estilo das célebres loucas enfurecidas de todos os tempos. Ela arranha o rosto do homem e arranha seu próprio rosto. Rasga as vestes dele e rasga as suas próprias vestes. Ela apanha os dois meninos pequenos, corre para o rio com eles e lá os joga na correnteza. As crianças morrem afogadas, e La Llorona cai às margens do rio, cheia de dor, e morre.
O fidalgo volta para a Espanha e se casa com a mulher rica. A alma de La Llorona sobe aos céus. Lá o porteiro-mor diz que ela pode entrar nos céus, já que sofreu, mas que não pode lá entrar sem antes resgatar do rio as almas das duas crianças.
E é por isso que se diz hoje em dia que La Llorona vasculha as margens dos rios com seus longos cabelos, que mergulha seus dedos compridos na água para arrastá-los no fundo à procura dos filhos. É também por isso que as crianças vivas não devem se aproximar dos rios depois de anoitecer, porque La Llorona pode confundi-las com seus próprios filhos e levá-las embora para sempre.

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